Comunidade de Ermelino Matarazzo pede casa de cultura ‎

Localizado no extremo da zona leste da cidade de São Paulo, o distrito de guia Ermelino Matarazzo tem um cenário cultural intenso, com vários grupos teatrais, musicais e artesanais. Por falta de espaços adequados para abrigar suas atividades, acabam se apresentando nas ruas e praças do bairro.

O artista plástico Ricardo Cardozo conta que mobilizações em prol desses espaços culturais vêm ocorrendo desde a época da ex-prefeita Luiza Erundina, cujo mandato foi de 1989 a 1992. Naquele tempo, as reivindicações não foram atendidas porque a Secretaria de Cultura e o Departamento de Parques e Áreas Verdes não chegavam a um acordo sobre o local onde seria construída a casa de cultura.

Ele comenta que as negociações foram suspensas nas gestões seguintes, dos ex-prefeitos Paulo Maluf (1993-1996) e Celso Pitta (1997-2000). No governo Marta Suplicy (2001-2004), foi anunciada a construção de um Centro de Educação Unificado (CEU), o que atenderia às demandas culturais do bairro. No entanto, as gestões posteriores, de José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (sem partido, rumo ao PSD), não concretizaram o projeto. Desde 2005, vários grupos da região têm se articulado em busca de uma solução. “A burocracia e as mudanças de prefeito ao longo desses anos têm atrapalhado bastante”, afirma Cardozo.

Os grupos da região se uniram no chamado Cultura ZL, que agrega vários coletivos de cultura, e desenvolveram o Cultura na Praça. Esse evento, realizado em espaços públicos da região, realiza várias atividades culturais em torno de temas específicos. Em agosto, a temática será “Cultural: uma pauta para reflexão”. Cardozo diz que serão discutidos os problemas que afligem o mundo, como as guerras e as drogas, entre outras questões sociais.

“Um espaço cultural é muito importante para o bairro. Temos aqui apenas uma biblioteca, na qual não podem ser realizadas outras atividades”, afirma Carla Soares, que ensina fotografia e é responsável pela gravação das atividades realizadas nas praças. As cenas registradas são transformadas em pequenos documentários que ajudam a divulgar as ações do grupo.
Teatros abandonados





A região tem um teatro da Prefeitura fechado para reforma desde 2006, o Flávio Império, localizado no Cangaíba. “O teatro está desativado e estamos cobrando o secretário de Cultura para reformá-lo para que volte a funcionar”, conta o ator Emerson Alcalde de Jesus, que escreveu um manifesto a favor do local. Para ele, o fato de um teatro estar em uma região mal localizada faz com que suas obras não sejam prioridade para a Prefeitura. “Às vezes há shows aqui, mas nunca mandam peças de teatro e outras atividades”, reclama Emerson.

Um outro teatro distrital, o Cacilda Becker, na Lapa, foi fechado por falta de estrutura em 2008, mas sofreu uma reforma em 2009 orçada em R$ 4,5 milhões. Os dois teatros, Flávio Império e Cacilda Becker, têm estrutura parecida e oferecem cerca de 200 lugares cada.

Segundo o site da prefeitura, há um compromisso público para reestabelecer todos os teatros distritais até o final do ano que vem. Os teatros Arthur Azevedo, na Mooca, Paulo Eiró, em Santo Amaro, João Caetano, na Vila Clementino, e o próprio Flávio Império não têm as obras sequer iniciadas.
Gestão Kassab

Atualmente a questão envolve a falta de verba da subprefeitura de Ermelino Matarazzo. Em dezembro de 2010, o grupo fez um manifesto a favor do espaço. Chamou tanta atenção que o secretário de Cultura, Carlos Calil, quis marcar uma reunião. Nesse encontro, Calil garantiu aos ativistas que há dinheiro, mas que não pode investir diretamente, já que essa é função da subprefeitura.

Para resolver o impasse, Calil teria apresentado duas alternativas: ou Kassab assinaria um decreto voltado à abertura de casas de cultura para a secretaria, ou liberaria verbas para a subprefeitura. Até hoje nada foi feito.

Fonte: Rede Brasil Atual





1 resposta

  1. Ricardo Cardoso 16 de agosto de 2011

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